A eleição polêmica para a presidência da Confederação Brasileira de Hipismo, ocorrida no dia 29 de janeiro, se tornou palco para uma disputa política pelo comando do esporte. No momento do pleito, a entidade representante do Rio de Janeiro ficou impedida de votar, porquanto seu dirigente não tem nacionalidade brasileira.
Essa disputa representou uma cisão na CBH, o que resultou em duas declarações de vitória por chapas concorrentes; a chapa Forte e Ativa, presidida pela Bárbara Laffranchi e tendo como vice Fernando Serb, o Fêfo, teve a maioria dos votos de federação em dezembro de 2020, incluindo o voto do Rio de Janeiro, vem disputando judicialmente seu direito ao mandato.
Para a Justiça carioca o descredenciamento foi irregular, e é justamente neste ponto que se intensifica a eleição polêmica no hipismo brasileiro, uma série de manobras de caráter no mínimo duvido que teve início ainda em 2020. Afinal, um estrangeiro deve ter direito a voto numa Confederação que define e orienta os rumos do hipismo no Brasil?
A resposta é sim! Afinal, apesar de ser um estrangeiro, o voto não é da pessoa física, mas da Federação de Hipismo do Rio de Janeiro, que é, por óbvio, um estado brasileiro com direito a voto.
Esta perspectiva foi reafirmada pela decisão liminar da justiça do Rio de Janeiro afirma que sim e vai além, ao conceder a antecipação da tutela de voto, o texto ainda aponta que em caso de impossibilidade para a validação do voto, toda a eleição deve ser invalidada.
Sobre esta liminar, Fêfo, vice da chapa da Bárbara, disse o seguinte:
“Foi proferida uma liminar determinando, no mínimo, que seja computado o voto da federação do Estado do Rio de Janeiro. Se isso não for possível, que seja computado voto da federação do Rio de Janeiro e das demais federações que votaram na gente… Por conta do encerramento da assembleia, obrigatoriamente teremos que ter uma nova [eleição] já que o juiz disse que, não sendo possível computar o voto do Rio, a eleição está suspensa. A justiça foi feita.”
A eleição de janeiro foi uma segunda tentativa mal sucedida, apresentando um cenário que mais parecia um tribunal jurídico repleto de advogados do que uma eleição da Confederação Brasileira de Hipismo que tem como princípio e missão cuidar deste esporte no país.
A primeira tentativa, que marcou o início desta eleição polêmica e que coloca em risco o futuro do hipismo no país, ocorreu em dezembro de 2020 e acabou sem a efetivação da eleição, porquanto a Comissão Eleitoral, composta por Alexandre Beck Monguilhott, Bichara Abidão Neto e Rodrigo Machado de Moraes, deliberou que as duas chapas se encontravam inaptas à disputar a presidência do órgão.
Deste modo, ficou decidido que haveria nova tentativa de eleição após o final da gestão do Ronaldo Bittencourt, em 31 de dezembro, considerando que, assim, as chapas teriam tempo suficiente para se organizar de modo a garantir uma assembleia com a participação dos membros votantes.
Na ocasião, a Confederação Brasileira de Hipismo esclareceu em comunicado oficial que cumpriu todos os procedimentos com rigor e que fez tudo que estava dentro da legalidade para que a eleição fosse realizada, mas que a impossibilidade de presença da grande maioria dos votantes não poderia ser descartada.
A chapa situacional vem colocando entraves à candidatura e, posteriormente, ao legítimo mandato da chapa Forte e Ativa desde novem de 2020, quando a CBH alegou que a Federação Paulista de Hipismo deveria ter seu direito ao voto vetado, alegando uma suposta dívida paulista, entretanto a FPH foi à Justiça, comprovou a inveracidade dos fatos e conseguiu a autorização ao voto. Em resposta, a CBH vetou o voto carioca e alagoano, ambos sabidamente de apoio à chapa de oposição.
Matematicamente, a chapa composta pela Bárbara e pelo Fêfo teria sido eleita de maneira justa e democrática, caso todas as Federações tivessem tido direito ao voto. Por esta razão, a oposição estuda a possibilidade de desfiliar-se da CBH para a criação de uma nova confederação, caso a vontade da maioria das federações estaduais não prevaleça na disputa. Há de se destacar que se trata de um processo democrático, não é o despotismo que rege os estatutos e regulamentos da CBH.
Em nota, o grupo de oposição reitera essa possibilidade,
“Na hipótese de não se reconhecer a eleição confirma a manifestação democrática da maioria, pondera-se pela criação de uma nova confederação equestre de hipismo que realmente represente a maioria das federações que não se serem representadas”
Após tantas manobras era de se esperar que, com a decisão judicial relativa ao voto do Rio de Janeiro, a novela se encerrasse e a eleição ocorresse com tranquilidade, mas não foi o que ocorreu até o momento.
Vale ressaltar que, diante da polêmica e do ping-pong jurídico, a CBH segue sem uma liderança legítima, o que implica em grande desorganização e enfraquecimento para o esporte, num momento em que as Olimpíadas se aproximam e os competidores precisam de segurança para se preparar para enfrentar os melhores do mundo.
Entretanto, até o momento, a Federação Internacional de Hipismo ainda não reconheceu a vitória da chapa supracitada, o que deu origem a uma série de protestos, tanto nas mídias sociais, quanto através da não participação em competições internacionais.
A luta da Bárbara e do hipismo brasileiro é para que haja uma “eleição justa e democrática”, como disse a mesma, assim não haverá espaço para questionamentos ou corruptelas num esporte que deve ser livre de interferências parciais.
Assim, foi feito um manifesto assinado por mais de 700 cavaleiros solicitando uma nova convocação de todo colégio eleitoral da CBH para que, desta vez, todos tenham seu direito ao voto garantido e uma eleição idônea possa ocorrer e ser reconhecida internacionalmente.
A chapa rival ainda pode recorrer judicialmente da decisão e dá indicativos de que o fará, o que se espera, portanto, é que a justiça brasileira se mostre justa e imparcial, dando fim a esta eleição e polêmica envolvendo o hipismo, garantindo a legalidade das eleições e a democracia num órgão de importância ímpar para o cenário esportivo do Brasil. O meio hípico brasileiro merece respeito e deve ser tratado de maneira transparente, sem espaço para jogos políticos de poder com estratégias corruptas e manobras escusas, a fim de fazer valer o desejo de poucos sobre a soberania da maioria, esta sim, que deve ser representativa e decisiva, afinal, cabe reforçar, a Confederação Brasileira de Hipismo é uma entidade democrática que tem como finalidade maior a defesa dos interesses do hipismo nacional.
2 Respostas
A FEI e a tradição do hipismo brasileiro | Doda Training Center
[…] Em números totais, os estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal têm a maior quantidade de competições e conjuntos. Um dado apontado pela FEI é a queda do número de participação do Rio de Janeiro neste panorama. Contudo, ainda que com menor expressividade, o hipismo é praticado em todos as regiões e estados brasileiros, tendo 21 Federações Estaduais de Hipismo afiliadas à Confederação Brasileira de Hipismo, que atualmente enfrenta um capítulo polêmico na disputa pelo seu comando. […]
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Sou a Fernanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.